Texto de referência: SIQUEIRA, D. C. O. Do balé à dança contemporânea: corpos e técnicas em rede. In: Corpo, comunicação e cultura: a dança contemporânea em cena. Campinas: Autores Associados, 2006.
Como surgiram as danças?
– Histórico
– Elementos Constituintes
– Categorias
HISTÓRICO:
Num primeiro momento as pessoas relatavam suas diversas experiências através das danças, como uma forma de celebração, culto e ritualização de seus corpos – com um aspecto cultural.
A vida em sociedade no inicio da civilização, a gestualidade e os sons eram utilizados como forma de comunicação e organização de um grupo. A importância de se fazer entendido – sendo essa sonoridade e gestualidade específica de cada grupo – tendo em vista que nesse momento histórico a fala não era do mesmo modo que conhecemos nos dias atuais.
Os rituais tinham características de celebração e as sensações corporais voltavam-se ao prazer. Os movimentos são repetitivos – trazendo uma experiência específica com o corpo diferentemente das ações cotidianas.
O momento histórico da dança se situa nas concepções de dança clássica, moderna e contemporânea. Para adentrarmos a essa discussão, apreciamos alguns vídeos, característicos de cada concepção da dança, sendo eles:
- vídeo 01 – Challoise
- Vídeo 02 – Brandle dos cavalos
- Vídeo 03 – Jantar Comenius
- Vídeo 04 – Quebra Nozes – Versão completa
- Vídeo 05 – Quebra Nozes – 2014
- Vídeo 06 – Royal Ballet Daily Class
- Vídeo 07 – Canela Fina – Balé da cidade de São Paulo.
Dança Clássica:
No período medieval as danças aconteciam nos castelos. Seus movimentos tinham pouca complexidade e todos participavam. Nos dias atuais há um grupo que estuda esses períodos e montam as apresentações.
A dança clássica nasce na Itália exclusivamente para os homens na época do Renascimento. Na idade média o espaço público não existia para as realizações das danças, após alguns processos históricos esses espaços públicos, tornam-se espaços legítimos para a dança, seguindo – após algum tempo – para os espaços privados.
Na entrada da Modernidade, a racionalidade científica ganha força e os movimentos passam por transformação, eles agora possuem padrões, são movimentos corretos, passando pelas análises acadêmicas, chegando ao Ballet. A Modernidade, o positivismo e a ciência estabeleceram aquilo que se é esperado de um corpo e para alcançar esse objetivo ideal precisara de ensaios exaustivos, dieta, dedicação, abdicação etc.
O Ballet tinha ênfase no movimento técnico, correto. Há direcionamento dos movimentos, repetições diversas para todos os lados, sincronização, tudo isso tendo devido à preocupação com a técnica. Os ensaios são realizados sempre ao som do piano e o seu estilo de ensino se baseia na proposta de demonstração e cópia dos movimentos.
Dança Moderna:
A dança moderna não se preocupa tanto com a técnica como na dança clássica, pode-se dançar sozinho – o que possibilita a não indicação dos erros. Não se sabe quando o dançarino erra um movimento, um gesto.
Faz uso dos gestos cotidianos e trabalho no plano abstrato – não tem enredo. Para quem assiste tem assistem entendem coisas diferentes, mesmo que assista por diversas vezes, sua leitura será sempre diferente.
Quem realiza os movimentos e quem aprecia/assiste/analisa se torna agente da dança, são produtores de significados.
Dança Contemporânea:
A dança contemporânea possui um papel social, político e de intervenção social. Ela esta em todos os lugares (igreja, escola, universidade, rua etc.) e se configura em um texto que deseja transmitir uma mensagem – com o enredo definido.
Nessa dança há grandes transformações nos estilos musicais, assim, axé, funk, samba e tantas outras danças, são contemporâneas. Elas querem dizer coisas e às vezes, nós não conseguimos realizar a leitura.
Caráter utilitário da dança
Os objetivos ao longo dos anos vão se modificando e o caráter utilitário da dança também. Hoje é possível ver a dança como uma forma de emagrecer e/ou combater o estresse.
Danças Formalizadas
O texto suporte para esse encontro relata que as danças em seu início tinham aspectos de ritual religioso, místico e de reconhecimento da cultura – como uma forma de identidade de um povo, uma cultura. Um exemplo disso é a presença de centros de tradições gaúchas no Rio Grande do Sul. Nesse espaço é transmitida toda a cultura de um povo, entre elas, as danças típicas.
ELEMENTOS CONSTITUINTES:
Os elementos que constituem as danças são: música, ritmo e espaço.
CATEGORIAS:
Danças Étnicas
Ex.: Valsa, rumba, tango, muñeira.
Essas danças representam um determinado povo e sua cultura. Utilizam-se símbolos específicos. Relação sagrada.
Danças Recreativas
Ex.: Funk, lambada, axé.
São danças realizadas com a preocupação do lazer, da diversão. Não há preocupação alguma com a estética, movimento, enredo etc.. Não são específicas de um grupo, apenas são utilizadas para o lúdico.
Danças Artísticas
Ex.: Ballet, jazz.
São danças escolarizadas, ensinadas que não transmitem os significados presentes em cada estilo.
Danças Hedonistas
Ex.: Rave.
As pessoas danças sozinhas. Elas saem e voltam ao ambiente. A batida de cada música se modifica a partir dos elementos propostos pelo evento e pela questão meteorológica. Os espaços destinados a essas danças possuem um tema específico e o tempo de duração dos eventos pode chegar a dias.
Danças de Sedução
Ex.: Pole dance, dança do ventre.
Em diversos momentos/espaços existem concursos. Questões de estética. Em algum sentido várias danças são consideradas como sendo de sedução. Os lugares para esse dançar são restritos. Esse estilo mistura-se com as danças de apresentação.
RELATO DE PRÁTICA
“Riscando a faca” no Raimundo Correia, projeto realizado pelo professor Luis. Em São Miguel fica localizada a praça do forró – espaço onde todos podem ter acesso à dança contemporânea do forró – e muitas das pessoas que frequentam esse lugar são de regiões nordestinas do Brasil. O Plano Especial de Ação desse ano na escola fora discutir a cultura nordestina, por esse motivo, o professor investigou com os alunos as questões que permeiam a prática corporal forró.
ETNOGRAFIA
O professor Marcos Neira considerou que o processo de etnografia alimenta e retroalimenta o trabalho do professor. É preciso pensar em quem são seus representantes e quais os significados que eles atribuem à prática investigada.
Com essa ação é possível ter acesso a mais de um posicionamento, ideia, história – hibridização discursiva – para que seja possível borrar com a ideia de uma única verdade, pois as culturas são móveis e as práticas corporais são plásticas – processo de ressignificação.
Realizamos a apreciação da Etnografia de “Danças Urbanas”, realizada pela professora Rose, membro do grupo de pesquisa em educação física escolar – GPEF.